sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Curiosidades: Um pouco da História da Educação Física Escolar.

Para estudar qualquer ciência, precisa-se entender o processo de desenvolvimento ou mudança, de seus respectivos estudos e pensamentos, através da História. Por tanto, podemos observar no quadro a baixo algumas tendências no campo da Educação Física escolar.




Nas fotografias podemos observar algumas aulas de Educação Física na Década de 1930, logo no início da Era Vargas, em algumas escolas como o Ginásio Arte e Instrução do Rio de Janeiro e escolas de Porto Alegre.
É importante destacar as características fortemente positivistas representadas nas fotografias. 



E foi nesse período que se criou o Ministério da Educação e Saúde (1930), que construiu um Sistema Nacional Público de Ensino. Um grande avanço para a época, porém, ainda por volta de 1940 a taxa de analfabetismo era de 52%.



Não podemos esquecer, que no Brasil essa disciplina escolar teve seu início no Exército. Tinha como objetivo, à disciplina e a formação física e esportiva dos militares. Só mais tarde ela foi estendida para os civis, através das escolas públicas nacionais, criadas por Getúlio Vargas. 


Rafaela Molina

terça-feira, 24 de junho de 2014

Grupo VA de Teatro em Santos! (Representando a Arte Vale Paraibana)


Nesse domingo, 22 de Junho, o grupo Vivenciando Arte participou do XVIII Festival de Cenas Teatrais de Santos (Fescete)-  representando a cidade de Lorena e a Arte e Cultura do Vale do Paraíba. 
Mais uma vez esse grupo de teatro de vinte e poucos anos e muito premiado em festivais, fizeram um grande sucesso com a apresentação de duas cenas teatrais- 4:48 e A Ilha de Ouro. 
O grupo abriu o festival no dia 22 com a apresentação da peça 4:48. O texto baseado no psicológico "Psicose 4:48" de Sarah Kane, retrata os relatos de mentes inquietas e suicidas as 4:48 da manhã, dito pela autora de "hora feliz". Esta cena fortemente dramática arrepiou a plateia, trata-se de um texto intenso, que ganhou vida através da interpretação dos autores Igor Martinez e Cássio Borges. 
E o grupo também fechou o Festival do dia 22, com a apresentação da cena A Ilha de Ouro- Uma Aventura Musical em Alto-Mar, texto de Simoni Boer. Essa apresentação surpreendeu a plateia com o cenário simples e colorido, que colocou no palco o barco Águia do Mar, e os figurinos também coloridos e caricatos que chamam atenção, por ser um musical infanto-juvenil. Essa apresentação fechou a noite com chave de ouro e muitas gargalhadas, divertindo o público com as aventuras em alto mar do Capitão Miromar Salgado (Matteus Almeida), Maria José (Rafaela Molina), Minduim (Cássio Borges), Volpina (Patrícia Guia), Ração (Igor Martinez) e Dotô (André Melo) na tentativa de chegarem na Ilha de Ouro. 
E essa foi apenas a primeira apresentação desse Musical, que representa temas como- o trabalho infantil, o preconceito contra a mulher, a ganância, a aventura e o amor. 
E vem mais por aíi... Aguardem!!! 


segunda-feira, 31 de março de 2014

50 anos do Golpe Militar: Para não esquecermos e aprendermos com a História!


Hoje é dia de relembrarmos o luto, a mancha na História do nosso país. 
No dia de hoje, 31 de março, há 50 anos... Os militares tomaram o poder, tirando a democracia e a liberdade do povo brasileiro. Matando, exilando, censurando e torturando artistas, professores e intelectuais, com a desculpa de uma tal ameaça comunista. 
Lamentável... Que tenha ainda em 2014 brasileiros a favor dessa "Ditadura Militar, burguesia associada e violência institucional: formas bonapartistas da autocracia do capital no Brasil", segundo o Prof. Dr. Antonio Rago Filho, da PUC-SP.  
O importante é conhecermos nossa História para que os erros não se repitam. E lembrarmos que esse ano é o momento importante de praticarmos nosso direito, dever e liberdade de cidadãos, retirados de nós e reconquistados com suor e sangue derramados, por isso precisamos  saber eleger os políticos que irão nos representar nos próximos 4 anos, e pensarmos bem que tipo de história queremos e estamos escrevendo para nosso país. 
Com isso... Não posso deixar de lembrar de uma música do poeta Renato Russo...
"Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos covardes
Estupradores e ladrões
Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação"

sexta-feira, 21 de março de 2014

Metodologias de Ensino- Jogos, Teatro e Contação de História

Acredito que o maior desafio da educação atual, dos professores, é de conseguir conquistar o interesse e a curiosidade do aluno para a aprendizagem, especialmente quando se fala do ensino de História. Afinal, para que estudar história, o passado, numa era moderna e tecnológica, com uma geração que se preocupa com o futuro e não com o passado? Na verdade muitas respostas poderiam ser dadas a essa pergunta, mas vou me contentar em registrar apenas uma: que é de fundamental importância que o homem conheça seu passado e suas origens, para assim ter conhecimento do processo e da dinâmica histórica da sociedade, e só assim, poder compreender a era tecnológica em que vive e poder pensar a construir seu futuro de maneira mais crítica e consciente. 
Mas como convencer as crianças e jovens dessa importância da história em suas vidas? Da importância da disciplina de história nas escolas? Como conquista-los para essa aprendizagem?
Para isso os professores precisam de estratégias, estratégias metodológicas, criatividade e ludicidade. Vamos pontuar três metodologias lúdicas que podem ser  fortes aliadas nesse desafio- tentativa de  conquistar os alunos- fazendo até mesmo, os alunos tomarem gosto pelo ensino da História. 

Jogos
O jogo faz parte da realidade e do cotidiano das crianças e jovens, por tanto é uma ferramenta que eles tem familiaridade e gostam de praticar. Além de ser uma ferramenta lúdica, o jogo possibilita exercícios mentais, promovendo o desenvolvimento cognitivo do aluno. Através do jogo, o aluno aprende a escolher, direcionar, relacionar, comparar, aumentando dessa forma, suas habilidades e competências, exigidas na educação fundamental pelos Parâmetros Curriculares Nacionais- PCN. 
Sendo assim, o jogo pode ser uma ferramenta que facilite o ensino e aprendizagem na disciplina de História. Conquistando o interesse dos alunos, por esse conhecimento específico, promovendo o trabalho em equipe e a competitividade saudável. 
O Centro Universitário Salesiano de São Paulo- Unisal Lorena, em parceria com a CAPES, trabalham juntos no projeto PIBID- História em Jogos, com professores e alunos do curso de licenciatura em história do Unisal e da Escola Estadual Arnolfo de Azevedo. O Objetivo desse projeto do governo é aproximar a Universidade das escolas públicas para uma formação mais sólida dos seus licenciandos- futuros professores. Esse projeto teve inicio em 2012 e a nova equipe está dando continuidade a esse trabalho. Até o momento foram criados dois jogos para o ensino de História: Caminhos da História e Bingo Histórico. 
Esse projeto de importância inquestionável, tem muito a oferecer ao futuro da educação e aos estudos das metodologias inovadoras do ensino. 

                                                              Jogo- Caminhos da História

                                                                                         Jogo- Bingo Histórico 


Teatro
O teatro sempre fez parte da vida dos homens, de todos os tempos, culturas, etnias e religiões, pois é uma ferramenta social que uni as pessoas, e como algumas religiões acreditavam, unem também o homem e o divino. Por isso a origem das palmas, realizada pela plateia no espetáculo, que tem como origem o agradecimento ou adoração aos deuses, especialmente ao deus do teatro Dionísio. 
O prática de interpretação e imitação sempre foi importante em todas as sociedades, por que esta socializa, ensina e constrói as memórias individuais, formando as memórias coletivas, tão importante para a formação da personalidade e do reconhecimento do indivíduo. Já que o homem se reconhece através do outro, a prática teatral é uma forte aliada nesse processo, pois o ator precisa se passar pelo personagem, pensando, agindo e sentindo, como o outro, e nessa relação de troca de papéis sociais, é que o homem vai se reconhecendo como indivíduo, que possui uma memória individual, e como um ser social, imerso na memória coletiva. Enfim, o homem só se identifica através do outro, só se representa, através da representatividade do outro, dessa maneira a vida e o palco se complementam, um auxiliando o outro na construção de uma vivência social e coletiva mais rica, humana e com mais riquezas de aprendizagem. 
As práticas teatrais, como os jogos e os espetáculos, são importantes ferramentas no processo de ensino e aprendizagem. Pois são práticas pedagógicas e metodológicas lúdicas, de fácil socialização, aprendizagem e aplicação, pois para a interpretação no teatro, precisa-se apenas de pessoas, corpos, vozes, criatividade e improvisação, e estes dois últimos são elementos indispensáveis à educação, e é através deles que ocorre a maior façanha do ser humano- A Criação.
A criança cresce aprendendo ao imitar os mais velhos, e com a utilização do teatro como método educativo, ela vai aprendendo ao imitar, ao criar os personagens e ao atuar. O teatro é uma forte ferramenta pedagógica que tem o potencial de transformar a teoria da História em prática vivida/representada pelos alunos, facilitando a aprendizagem. 



Contação de História
A Contação de História tem as mesmas características do Teatro, pois é uma ferramenta pedagógica lúdica, que promove a criatividade e a imaginação. No entanto se difere no modo de aplicação, pois na contação de história, não precisa ter personagens ou palco, precisa-se é de uma boa história para ser contada, de modo criativo, que consiga envolver todos ouvintes. 
Na Contação de História, o que encanta são as palavras, o enredo, os gestos, é a voz e os personagens imaginários que ganham forma e vida, e não os atores. É uma verdadeira brincadeira com a imaginação, pois ela permite que um objeto qualquer se transforme em um animal ou em um castelo, por tanto, tudo depende da criatividade e do método do contar a história. 
Essa prática se torna talvez a mais forte aliada para aproximar as crianças e jovens da leitura. Ela tem o poder pedagógico de envolver e conquistar a atenção dos alunos, em torno do ensino da literatura e da história. 
                                                      Contação de História- A Pedra da Noite


Considerações
Essas metodologias apresentadas se tornam subsídios pedagógicos, pois todas crianças e jovens se atraem por jogos, teatros, histórias ou por algum tipo de arte, esses métodos são instrumentos lúdicos que possibilitam a aprendizagem e promovem a cultura. 
A triste realidade é que essas práticas lúdicas educativas ainda são pouco usadas pelos professores e pelas propostas pedagógica das escolas. Por tanto, cabe aos docentes, a promoção e até mesmo a criação de novas ferramentas didático-metodológicas que possam facilitar, auxiliar e promover uma educação de qualidade aos alunos, principalmente da rede pública de ensino. Essa também deveria ser uma preocupação das instituições de ensino superior, nos seus cursos de licenciaturas, para que ocorra a formação de professores melhor preparados e mais criativos, para que possam colaborar e construir novas metodologias de ensino. 


Prof. Rafaela Molina






domingo, 9 de março de 2014

Projeto Turismo Literário em Silveiras- Vicente Felix de Castro

Vicente Felix de Castro foi um escritor silveirense. Nascido na Vila de Areias em 1823, dedicou-se toda sua história a cidade vizinha de Silveiras. Teve sua vida interrompida em 1878 nesta cidade que tanto amara. Casou-se duas vezes, foi tabelião e escrivão público da cidade. Um verdadeiro homem urbano, manteve contato com personagens da Corte e da cidade de São Paulo. Nascido em uma família importante e intelectual de Silveiras. Colaborou com a imprensa da época, lançou em Silveiras o jornal Aurora, no qual divulgou a novidade da filosofia espírita de Alan Kardec, ajudou a fundar na Capital A Província de São Paulo, depois o jornal O Estado de São Paulo. Além de publicar três romances em jornais, quatro livros, um deles com quatro volumes, um romance ainda desconhecido e o artigo sobre a Revolução de 1842. Por causa dessas ricas obras literárias, Vicente Felix ficou conhecido como o “Pai do romance paulista” e o “Precursor do romance da escravidão”, e ainda um dos precursores do realismo literário no Brasil. Ele usou o realismo da escravidão que via na sua região, para denunciar e criticar as violências contra a dignidade dos negros. Mostrando-se abolicionista e um político liberal, tendo envolvimento diretamente com sua família na Revolução de 1842, quando Silveiras virou um verdadeiro campo de batalha. Perdeu seu pai, Francisco Felix de Oliveira no início da Revolução. 
Sua família teve importante presença na construção da cidade de Silveiras. Teve irmãos pároco, político e comerciante, a família toda era letrada, politizada e liberal. A família Felix de Castro foi a responsável por escavações indígenas na região, lutas políticas, divulgação da filosofia Espirita, e construções importantes na cidade, como o Chafariz, o Teatro, a Tipografia e doaram o terreno para a construção do Cemitério municipal e construíram no seu interior a capela de N.S. do Carmo, onde a família foi enterrada. 
Como pode um personagem como Vicente Felix de Castro, um intelectual e literato de grande importância regional e nacional ser esquecido pelos seus conterrâneos e pela História do país? Como o turismo histórico e literário podem ajudar na promoção do conhecimento sobre esse autor, através dos lugares de memória de sua cidade? Como por exemplo duas construções realizadas por ele: o Chafariz e Cemitério. 
Uma forma possível de desenvolvimento seria trabalhar as questões ligadas ao Lugar de Memória, inicialmente pensadas de 1978 a 1981 pelo historiador francês Pierre Nora, em um seminário realizado em Paris. Essa nova expressão para a História Cultural tem relevante importância, pois através dela se estuda a memória, a identidade de um povo, que leva a um pertencimento e ao um sentimento coletivo e individual. Pierre Nora define o Lugar de Memória como sendo uma tríplice acepção: “são Lugares Materiais, onde a memória social se ancora e pode ser apreendida pelos sentidos, são Lugares Funcionais porque tem ou adquiriram a função de alicerçar memórias coletivas e são Lugares Simbólicos onde essa memória coletiva – vale dizer, essa identidade – se expressa e se revela. São, por tanto, lugares carregados de uma vontade de memória”. (Neves, 2007). Esses Lugares de Memória são, além de monumentos, documentos que desafiam leituras e interpretações. 
Nesse aspecto pretendesse identificar os possíveis lugares de memória para o desenvolvimento de um circuito turístico literário na cidade de Silveiras, onde se destaque a figura do escritor Vicente Felix de Castro.
Autores:
Profº Marcelo Lopes
Profº Luiz Nascimento
Profª Rafaela Molina 

Orientador:
Prof. Ms. Francisco Sodero Toledo


Para um estudo mais aprofundado sobre o a vida e obra do autor silveirense, recomendo a leitura do artigo Vicente Felix de Castro, de autoria do professor Ms. e presidente do IEV, Franscisco Sodero Toledo. Responsável pelo site, http://valedoparaiba.com/

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Projeto “História é Show” e o grupo "Cantando Histórias e Contando Piolhos" realiza contação de história em Ação Cultural no Clube Comercial de Lorena.


No dia 15 de fevereiro de 2014 realizou-se Ação Cultural no Clube Comercial de Lorena em pareceria com o Coletivo "Flor de Lís" que realiza o Projeto “Trocando Livros por Sorrisos”, o evento teve como objetivo a arrecadação de livro para um projeto de leitura da APAE de Lorena. O evento ainda contou com o projeto “História é Show” idealizado pelo Prof. Me. Davi Coura Borges (Membro IEV – Instituto de Estudos Valeparaibanos e Professor do Curso de Licenciatura em História do Centro UNISAL de Lorena).

A apresentação do projeto “História é Show” foi incrementada com a contação de histórias pelo grupo "Cantando Histórias e Contando Piolhos", que falou sobre a  lenda da Pedra da Noite de autoria da Profa. Rafaela Molina de Paiva (Membro do IEV – Instituto de Estudos Valeparaibanos) e com um conto de terror “Maria Angula”. A contação de histórias e a apresentação musical entusiasmou as crianças e os adultos. A apresentação buscou valorizar o folclore e a cultura valeparaibana de uma forma lúdica e agradável.



Para entrar em contato com o Grupo HISTÓRIA É SHOW e o GRUPO "CANTANDO HISTÓRIA E CONTANDO PIOLHOS" 

e-mail: rafaelamolina@iev.org.br

Adquira também o CD de Músicas do Prof. Davi Coura 

"CANTAROLANDO A HISTÓRIA DO BRASIL"


Texto Prof. Diego Amaro de Almeida 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Joaquim Vilela de Oliveira Marcondes

Sem dúvida um dos personagens mais marcantes da cidade Guaratinguetá, foi o tão mencionado, mas pouco conhecido, Joaquim Vilela de Oliveira Marcondes. Ele foi político, religioso, marido e pai.
Esse guaratinguetaense nasceu no dia 31 de janeiro de 1887 e faleceu aos 64 anos, no dia 10 de dezembro de 1954 às 14 horas na praça Santo Antônio. Sua morte teve como causa um edema agudo do pulmão, seu túmulo se encontra no cemitério dos passos de Guaratinguetá.
Seus pais eram José Vilela de Oliveira Marcondes e Maria Amélia Ortiz Velozo, conhecida como D. Mariquinha. Do lado paterno seus avôs eram o capitão Manoel Marcondes dos Santos e Maria do Carmo Velozo, e seus bisavós eram o Visconde Francisco de Assis e Oliveira Borges e Ana Silveira Umbelina do Espírito Santo, ou seja, Joaquim Vilela era parente da famosa Maria Augusta. Do lado materno seu tio era Antônio Lourenço de Mello, seu avô era Manoel Lourenço e seu bisavô era o Capitão – mor Manoel José de Mello.
“Joaquim Vilela se casou duas vezes, em primeiras núpcias com D. Maria Geralda Rangel Marcondes, uma parenta afastada, com quem teve uma filha chamada Beralda, que faleceu na infância, D. Maria Geralda faleceu aos 44 anos.
Em segundo matrimônio deixou viúva a senhora Maria José Rodrigues Marcondes, com quem teve dois filhos, Maria Regina e José Vilela de Oliveira Marcondes”.(MOURA, ENTREVISTA CEDIDA).
Antes de ser político, Joaquim Vilela teve outras profissões, foi comerciante, sócio de varias firmas comerciais de Guaratinguetá, trabalhou também com lavoura e pecuária, sendo proprietário de importantes fazendas. Mas Joaquim Vilela se destacou mesmo foi na política, foi vereador municipal, foi presidente da câmara municipal em 1930, quando sobreveio o golpe de outubro, pondo fim ao poder legislativo, fez parte da Diretoria do Partido Republicano Paulista e por fim foi prefeito da cidade de 23/03/1938 a 15/03/1954.
“Apesar de ter sido um homem de partido, nunca permitiu que a paixão política lhe inflamasse o espírito de autoridade, tirando-lhe o senso de justiça.
Ele também muito fez à igreja, como prefeito sempre em todas as ocasiões prestigiou a ação da igreja, jamais deixando de colaborar nas suas obras e atividades.
Sua morte repentina deixou um vácuo na história política de Guaratinguetá”.
(ARQUIVO DA ESCOLA JOAQUIM VILELA)
Curiosidades
-“Joaquim Vilela foi o 14º proprietário da fazenda Engenho D’ água de Guaratinguetá.
Em 28 de julho de 1928, ele adquiriu a fazenda pelo valor de 77 contos de réis. Mas a fazenda estava toda dividida, então Joaquim Vilela comprou todas as partes, formando novamente a grande propriedade, com isso ele despendeu a soma considerável de 239 contos de réis.
Ele fez grandes melhoramentos na fazenda, construíram barragens, silos, mangueiros, pontes, erradicou a plantação de chá e mudou a produção econômica, passando do cultivo do café para a pecuária leiteira e também reformou a sede da fazenda”.
Acredito que ele tenha mudado a exploração do café para pecuária leiteira, por causa da crise econômica de 1929, que afetou a exportação do café, causando a superprodução e a desvalorização do produto.
“A fazenda Engenho D’ água foi o centro de decisões políticas, de reuniões e banquetes oferecidos a personalidades que aqui vinham.
Com sua morte a terra foi dividida para a viúva Maria José Rodrigues Marcondes e para seu filho José Vilela de Oliveira Marcondes”.
(COUPÉ, A FAZENDA ENGENHO D’AGUA DE GUARATINGUETÁ)
Sua obra principal foi o matadouro no Bairro do pedregulho e a reforma do Mercado Municipal.
Joaquim Vilela teve também duas casas na cidade. Na primeira ele viveu com a primeira esposa Maria Beralda Rangel Marcondes, onde hoje se localiza a loja Riachuelo. Com sua segunda esposa Maria José Rodrigues Marcondes ele viveu onde hoje é o memorial de Frei Galvão.
           
O que contam sobre ele
     Entrevistas
“O apelido do Joaquim Vilela era ‘Quim’.
Aliás, Quim Vilela, não era Vilela. Sua avó Maria do Carmo de Oliveira, filha mais velha do Visconde, casou-se primeiro com o capitão Manoel Marcondes dos Santos. Ela enviuvou muito cedo, aos 32 anos e o casal teve quatro filhos: Antônio, José, Francisco e Joaquim, todos os meninos assinavam Oliveira Marcondes.
Maria do Carmo casou pela segunda vez, aos 35 anos, com Alexandre da Silva Vilela, natural de Portugal.
Os filhos de Maria do Carmo, não sei por qual motivo, incorporaram ao sobrenome Oliveira Marcondes o sobrenome Vilela, talvez porque Alexandre acabou de criá-los. Afinal os filhos ainda eram crianças.
Sendo assim o sobrenome Vilela é do padrasto do pai do Quim”.
                                                                               (Carlos Eugênio Marcondes de Moura)
“Fisicamente Joaquim Vilela era baixo, moreno claro e tinha a voz rouca. Considerado pelos inimigos políticos, inteligente e perigoso. Joaquim Vilela era um protótipo do coronel da 1º república, ele tinha como mentor conselheiro Rodrigues Alves.
A única ligação dele com a educação, é que tinha em suas mãos o professorado e as escolas. Já que naquela época não havia concurso, ele como político que escolhia onde o professor iria dar aula.
Ele sempre foi muito conhecido e considerado um grande líder político. Amava sua filha e fazia todas suas vontades, mas ela faleceu de hepatite, por erro de tratamento de sua mãe.
Em sua fazenda Engenho D’ água, ele fazia seu aniversario e de sua filha e essas eram festas de dia inteiro. Os convidados eram seus correligionários, que iam pedir “benção” política e claro com presentes para pedir nomeação de seus familiares.
Joaquim Vilela tinha um carro Ford para cidade e um belo cavalo negro para a fazenda e ele nunca se desgrudava de seu chicote.
Contam os camaradas da fazenda Engenho D’ água, que certas noites Joaquim Vilela aparecia montado a cavalo, com um chicote na mão, dando ordens e ameaçando.
Coincidência ou não ele ser parente da Maria Augusta?
Durante o século XX a cidade de Guaratinguetá passou por muitas mudanças, com os novos focos econômicos e o momento comercial; na política com a revolução de 1932 e também com a chegada da industrialização, da Aeronáutica, Campus da UNESP, e de outras escolas, com todo esse contexto Joaquim Vilela começou a perder poder político.
Ele faleceu em 1954, e no ano seguinte foi inaugurada uma escola no bairro da Nova Guará como o nome Joaquim Vilela, em homenagem à sua memória. Se tornando então patrono de uma instituição educacional”.
(Thereza Regina de Camargo Maia)
RAFAELA MOLINA

Construção do Grupo Escolar Joaquim Vilela

O bairro da escola hoje chamado de Nova Guara, antes era conhecido como Lazareto ou Isolamento. Onde hoje se localiza a Escola Estadual Joaquim Vilela de Oliveira Marcondes, era um hospital de isolamento, conhecido como fazendão. As pessoas contaminadas pela epidemia da febre amarela, muito intensa na época, ficavam isoladas nesse hospital que era único na região, para tal doença. Quando os pacientes morriam eram enterrados no próprio terreno, em torno do hospital. Mais tarde o hospital foi fechado e o prédio ficou abandonado.
                                      
O prefeito Dr. Netinho mudou o nome do bairro, de Lazareto para Nova Guara, pois as pessoas não se agradavam em morar num bairro com esse nome. Ele fez também outros melhoramentos no bairro. Com isso muitas pessoas se mudaram para o bairro e para o Parque Residencial IAPI.
No bairro não havia escola, por isso os alunos eram obrigados a atravessar o Rio Paraíba à balsa, para chegar ao bairro Santa Rita, onde se localizava a escola mais próxima.
No bairro já existia a ponte de ferro, construída pelo engenheiro Euclides da Cunha em 1902, mas quando chovia o local de acesso à ponte alagava, impossibilitando a passagem dos moradores. Por isso foi criada uma balsa para que os alunos fizessem à travessia do Rio Paraíba para chegar a escola, no entanto essa passagem era muito perigosa, pois não havia segurança e crianças pequenas tinham de atravessar. E a prefeitura não tinha condições financeiras para a construção de uma segunda ponte.
Diante dessa realidade apareceram dois personagens que mudaram a história daqueles moradores e alunos. O delegado Prof. Éboli e a professora Maria Inez de Castro Fortes se uniram em prol da educação e segurança daquelas crianças e jovens. Eles viram necessidade de uma escola no próprio bairro, então foram atrás desse objetivo.
Havia um prédio abandonado, do antigo hospital de isolamento, que poderia servir para a instalação de uma escola. Conseguiram apoio da prefeitura, que era proprietária do prédio, mas o Estado exigia um número mínimo de 120 crianças para autorizar a construção de uma nova escola. A professora Maria Inez Fortes pesquisou de casa em casa, e o números de crianças e jovens foi superior ao exigido pelo Estado, com isso a instalação da nova escola foi autorizada. O prédio passou por reformas e adaptações, com apoio do prefeito Dr. Netinho.
A professora Maria Inez Fortes, que tanto lutou por essa causa, viu seu ideal concretizado com a criação do Grupo Escolar Joaquim Vilela em 1955, tendo sido nomeada a primeira diretora desta escola. Em 1984 seu nome foi dado à biblioteca da escola, a qual foi modificada em 2011. A escola recebeu o nome Joaquim Vilela em homenagem ao ex prefeito da cidade, falecido um ano antes da construção do grupo escolar. 












Curiosidades
A escola Joaquim Vilela tem vários mistérios, o primeiro é o relato de que seu patrono é visto na fazenda Engenho D’Água, onde morava, anos depois de sua morte, o segundo é pelo fato da escola ser construída em cima de um hospital que era também um cemitério.
Durante a construção do prédio da nova escola, foram encontrados vários caixões e ossos espalhados pelo terreno. Por conta disso existem varias lendas, uma delas é de um padre que anda de madrugada de carroça pelas ruas do parque residencial IAPI.
E algo muito interessante foi encontrado enterrado nessa escola, o caixão de um legítimo padre salesiano, José Fausone, que nascera perto de Turim,
“e com 14 anos entrou para o oratório de Turim, onde fez o ginásio, convivendo com Dom Bosco e dele recebendo toda sua orientação.”
(EVANGELISTA. História do colégio São Joaquim- 1890- 1940)
Pe. Fausone veio para o Brasil em janeiro de 1892, diretamente para Lorena, onde foi professor de filosofia e 3° diretor do colégio São Joaquim.
Em 1903 o violento surto de febre amarela contaminou o Pe. Fausone, por conta disso isolou-se numa casa no colégio São José de Guaratinguetá. Sua morte foi no dia 1° de março de 1903, e por exigência das autoridades sanitárias, foi sepultado num descampado do fazendão, hospital de isolamento, onde hoje se localiza a Escola Estadual Joaquim Vilela de Oliveira Marcondes. O local era de abandono, mas apesar disso, em sua sepultura havia uma lápide que mão amiga lá colocara: piedosa homenagem de D. Sinhana, esposa de Euclides da Cunha, que então residia em Lorena. Alguns historiadores Euclidianos relatam que este Pr. Salesiano poderia ter sido amante de D. Sinhana.
Tempos depois os restos do Pe. Fausone foram transferidos para o cemitério de Lorena, na capela de São Miguel.
RAFAELA MOLINA

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Ferreira Junior – Memória e Poesia em Guaratinguetá

O artigo tem como escopo uma sucinta analise acerca da produção do jornalista Ferreira Junior para a história de Guaratinguetá, de base positivista, cunho memorialista, objetivo, coloquial e literário, refletindo as raízes culturais e o caráter identitário de uma típica sociedade interiorana no decorrer de quase todo o século XX.

O jornalista Ferreira Junior nasceu em Guaratinguetá no dia 24 de agosto de 1890. Foi estudante primário do Colégio São Joaquim, na vizinha cidade de Lorena e desempenhou durante toda a vida as profissões de jornalista (autodidata) e tipógrafo.


No exercício do jornalismo foi fundador dos jornais Violeta (1908), O Norte de São Paulo (1915), O Eco (1929), O Rebate (1912) e a revista Sociedade. E ainda proprietário de uma gráfica na cidade, onde editou vários jornais de existência efêmera.  Entre eles, O Município, a Gazeta do Vale, O Garça, O Montanhês, o Piraquara, Garcinha, Folha de Lorena, e outros. 

E como cronista e poeta, publicou os livros: Essências da Vida (1961), Boa Noite Para Você (1962) e Trajetória (1968). Sua primeira poesia foi Oh Brasileira, escrita aos nove anos de idade. Representou sua cidade aclamada, Guaratinguetá, em vários concursos literários do país.

Foi orador, reconhecido como “de virtudes incomparáveis (...)” (MARCONDES, 1973:40)[1], tendo sido orador fundador da Associação Esportiva de Guaratinguetá.

Em 1966 foi homenageado pelo Centro Cultural “Eduardo Prado”, entidade cultural fundada em Guaratinguetá pelo Professor Jose Luiz Pasin, recebendo o Diploma de Honra pelas mãos do Cardeal de Aparecida, Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Mota (1973:41). Assim como consagrado pela Câmara Municipal de Guaratinguetá: “Patrimônio da Cultura” local. E homenageado na Escola de Especialistas de Aeronáutica, recebendo medalha e diploma de Honra ao Mérito.  
Juntamente com outros jornalistas, foi um dos fundadores da Associação Paulista de Imprensa e pertenceu à Associação Brasileira de Escritores. Foi presidente da Associação Beneficente de Guaratinguetá.
Deixou a vida jornalística em 1964, “vendendo suas oficinas e recolhendo-se a meditação” (1973: 40). Faleceu em 19 de novembro de 1969, na mesma cidade.

Resgatando a memória e poetizando o presente - “Poeta da Terra, Poeta da Pátria”
A poesia e toda a arte sempre se fizeram presentes na terra das “Garças Brancas”. Como afirma o próprio poeta, “Em todos os departamentos da atividade humana, há homens ilustres que tiveram por berço a cidade de Guaratinguetá”. E Ferreira Junior, por sua formação e experiência baseada na memória herdada e construída no decorrer dos anos, fez parte desses homens ilustres, destacando-se também como poeta, por seus versos e sonetos que conquistaram a cidade interiorana.
Essas palavras, “Poeta da Terra, Poeta da Pátria”, de autoria de Aydano Leite, ex- aluno e amigo do poeta guaratinguetaense, designam o quão o homem das letras exaltou os valores de sua terra e de sua gente, colaborando para a transmissão de uma cultura que na realidade poucos ainda percebiam, mas que precisa ser relembrada.
Segundo as palavras do amigo e escritor, Brito Broca, Ferreira Junior foi um “exemplo significativo de fidelidade à província”. Sabendo que somente nas grandes cidades metropolitanas fazia-se reputação literária, insistiu em permanecer em Guaratinguetá. Foi nesta cidade que o poeta desenvolveu sua atividade intelectual, tornou-se jornalista, escritor e poeta, trabalhando com a arte tipográfica, imprimindo seus próprios escritos. Ferreira Junior conseguiu destruir o tabu “Santo da terra não faz milagre”
“E contentou-se com a repercussão no âmbito provinciano, não querendo procurar lá fora uma gloria ilusória (...) Mas na sua modéstia, no circulo limitado em que tem gravitado, constituiu, sem duvida, uma bela expressão de dignidade literária, de amor desinteressado às letras”. (Brito Broca)
Desinteressado às letras porque não se preocupava com as inovações técnicas da poesia moderna, mantendo-se fiel a uma tradição remontada ao século XIX. Compunha seus versos líricos ao ritmo dos sentimentos, das emoções, sem outra preocupação se não a exaltação do íntimo.
(...) o Poeta recoloca na estante os velhos mestres, como Castro Alves e Guerra Junqueira, para encontrar-se a si mesmo. Sem nunca ter buscado a companhia de Casimiro de Abreu, o Autor afirma a sua personalidade de lírico. É o que se depara na ternura da sensibilidade dos seus melhores versos”. (Breno Viana)
Conhecido como poeta do otimismo, Ferreira Junior cria um mundo imaculado, tendo afinidade com as coisas doces e pulcras da vida. “A sua obra tem a impressionante beleza de elevação espiritual. Seus versos podem ser declamados inclusive entre monjas e noviças”. Um jornalista e escritor com marcas positivistas e um poeta lírico, suave e delicado. A sinceridade torna seus versos autênticos e espontâneos, e neles percebe-se principalmente o idealismo de um homem religioso, fruto do seu tempo e que durante sua vida de trabalho sempre encontrou na arte uma razão de ser.
Pessoas que tiveram a honra de conhecer esse escritor e de dividir com ele histórias e memórias de Guaratinguetá daquele tempo, podem considerar-se afortunados. Segundo ilustríssimo guaratinguetaense Tom Maia, formado em Ciências Jurídicas e Sociais, escritor e desenhista por excelência.
“Ferreira Junior foi um homem extraordinário, queria aparecer, escrevia, escrevia, escrevia. Era um homem poser (homem de postura). Ele amava a profissão e amava escrever e escrevia muito bem. Era um jornalista por excelência. A impressão que eu tinha era que ele gostava de mais de Guaratinguetá e queria falar sobre a cidade.”

Os temas explorados são variados, porém todos expostos com a suavidade característica do autor: saudade, amor, sonho, crianças, mulheres, santos, natureza, lembrança, exaltação, etc. Características marcantes, tanto em nível nacional como em nível local. Em nível nacional existe a poesia “Realidade”, em homenagem ao Presidente da Republica Humberto da Costa e Silva e ao amigo Juarez Távora, jornalista da grande imprensa.
“Não penso conhecer países de grandezas,
Nem mesmo ter noção de sua história a fundo;
Mas quero conhecer nas suas profundezas
A história do Brasil este país fecundo!

Do Amazonas ao Prata espero ver belezas;
As praias do nordeste, as mais belas do mundo!
Prodigiosas regiões de varias naturezas,
Imenso manancial do orgulho em que me inundo!

Só peço a Deus que inspire os homens do Poder,
No sentido de bem cumprirem seu dever,
No trabalho, na fé e no civismo térso.

Porque moralizar-lhe a economia enorme,
O Brasil que progride enquanto o povo dorme
Será ainda a maior potência do Universo!”

No âmbito local, a exaltação na poesia “Doce Enlevo”, que demarca o que Ricouer denomina como Lugar de Memória. E torna-se evidente na maneira com que o autor descreve o uso da memória individual que abrange a memória coletiva daquela sociedade, transformando a simplicidade do cotidiano dos garatinguetaenses em poesia.
“Nestas noites de calor
É a pracinha Conselheiro
Um refrigeiro, um primor,
Um logradouro fagueiro.
E vai pela noite a dentro,
A contagiante alegria,
Crianças brincando no centro,
Moças na periferia (...)”

E no âmbito mais intimo e individual o aspecto religioso dos seus escritos, refletindo um cidadão caridoso na sua cidade e devoto da Virgem Nossa Senhora de Fátima, tanto que fez uma poesia em sua homenagem:
“Acalentado ao peito a proverbial certeza de que naquele andor vai seu maior Troféu, A Virgem Mãe de Deus - que é Mãe dos pobrezinhos!”.

Como também nas poesias “O ateu crê em Deus” e “Orai e Vigiai!” demonstrando como a religiosidade era uma característica forte da sua personalidade. E uma herança da forte influencia da igreja no Brasil desde o período colonial. Notadamente nas principais famílias da cidade.
No aspecto educacional, como professor e intelectual, fez a poesia “Prenda Preciosa”, na qual destaca a importância que tem a educação.
“Uma das prendas mais sublimes desta vida
É a educação em toda a sua plenitude!
É a própria simpatia em gestos concebidos,
Franca, sincera, leal - de forma alguma ilude! (...)”

Nas duas obras poéticas “Trajetória” e “ Essências da Vida” o autor faz poesias de cunho histórico. “O Negro”, onde ele se posiciona contra a escravidão e critica essa fase da nossa história e “Tiradentes”, obra que revela a exaltação dos lideres da nossa história, destacando sua característica positivista e sua  religiosidade,
“Tiradentes é o nome imortal do Brasil!
É a maior expressão na estrutura da História!
Foi como Jesus Cristo ais travos de horda vil,
Mas que hoje as gerações entoam sua gloria!”
 O autor está inserido dentro dos escritores de um período em que houve uma mescla de jornalista, literato e memorialista. Portanto, com uma história vivida, uma Memória e um passado estruturado numa herança de glorias e feitos, legitimada pela sua e pela Memória dos outros, a qual passa para o papel, no objetivo de reiterar e perpetuar uma visão de mundo modelar.
E se constitui em parâmetro para repensar o modelo historiográfico atual, assim como para analisar o estreito laço entre história e literatura, que continuamente permanece na maioria das obras memorialistas tida como históricas e escritas em forma de prosa e narrativa. E que hoje parece serem tratadas como fontes privilegiadas para o estudo da cultura e da mentalidade regional.
Rafaela Molina 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Crônica- O Enterro

Fatos reais vividos por mim em 2007. 

Mergulhada nos lençóis da minha cama e afogada em minha profunda insônia, eu me revirava sem parar de um lado para o outro. Eu lutava contra meus pensamentos à procura de uma migalha de sono, mas nada, cada vez mais insônia eu encontrava.
Eu escutei uma voz vinda da rua e barulho no enferrujem do portão, era uma voz baixa e melancólica que tentava em seu engasgo de choro, chamar pelo nome de minha mãe. Ao escutar, sem hesitar, saltei da cama, e senti o ar frio tomar conta do meu corpo, mas a curiosidade e o medo eram tanto que nada fiz; percebi que eu não era a única a escutar aquela voz, meu pai também saltou da cama e foi abrir a porta que dava para a rua, e um susto lhe fez arregalar os olhos, eram meus parentes. Deparei-me com o relógio que marcava quatro horas da madrugada, olhei pela fresta da porta e vi minha tia, sem hesitar, corri e chamei minha mãe, que assustada se levantou e eu disse que havia acontecido alguma coisa, e nós duas nos dirigimos para à porta da sala e demos de cara com minha tia em prantos, ela abraçou minha mãe e disse: -irmã, a mãe morreu! Essas palavras ecoaram nos meus ouvidos e eu as repeti: - Minha avó morreu!
Meu corpo deslizava pela parede até encontrar o chão, permaneci ali alguns minutos, que pareceram uma eternidade, em prantos e imóvel. Meu pai me levantou do chão e me despertou da névoa dos meus pensamentos, um som terrível de choro e gritos invadiram meus ouvidos quase me ensurdecendo, corri para o meu quarto, peguei um casaco e joguei por cima do pijama, para proteger meu corpo daquela manha fria, que seria o velório da minha tão amada vozinha. Em profundo silêncio abracei minha mãe e entrei no carro; o rosto desolado dos meus pais e o rostinho confuso e triste do meu irmão caçula me entristecia profundamente.
Descendo do carro percebi que o velório era em um lugar simples. No caminho longo até a porta, várias pessoas me abordaram, me abraçaram, mas eu nem se quer respondia. Ao chegar a porta vi o caixão parado no centro da sala e cheio de coroas de flores em volta e várias pessoas abraçadas e chorando. Enfim, dei meu primeiro passo rumo ao caixão, mas minhas pernas estavam pesadas, parecia estar com pedras amarradas, dificultando o meu percurso. Na verdade é que meu subconsciente não queria ver minha avó ali, naquela situação, mas meu ego precisava ter certeza desse acontecimento. Meus olhos mergulhados em lágrimas fixaram naquela aterrorizante imagem de um caixão, me senti naquele momento protagonista de um filme de horror. Cada passo que eu dava meu coração acelerava, quando cheguei em frente ao caixão eu vi a pior imagem que meus olhos já captaram e uma cena que jamais sairia da minha mente. Minha avó, minha linda e amada segunda mãe, envolvida por rosas e vestida com a roupa da Irmandade do Sagrado Coração de Jesus, suas delicadas mãos enrugadas pela idade pousadas sobre o peito com um terço preso entre os dedos, seus cabelos claro como a neve, penteados, os olhos nus, sem seus óculos, e sua pele com uma essência que se misturava com das flores. Coloquei-me ao seu lado, delicadamente pousei minha mão sobre a sua e aproximei meus lábios de sua testa enrugada, dando-lhe um beijo de carinho e respeito, então percebi que ela estava muito pálida e fria. Fiquei alguns instantes fitando-a, lembrando de nossas vidas juntas e pedindo perdão pelas minhas faltas e rebeldias, foi então que percebi que ela já não estava ali e olhei para a imagem na parede de Jesus na cruz, e com o gesto do sinal da cruz, pedi para Ele que recebesse e protegesse essa sua filha tão amada.
Uma mão delicadamente me afastou do caixão, e um homem pagou a tampa escura e fechou a minha avó naquela escuridão, e ela mergulhou naquele profundo crepúsculo. Parecia que ele havia acabado de retirar uma lasca do meu coração. Todos nós como uma procissão fomos até a cova onde o corpo de minha avó iria se decompor. Mesmo sabendo que ela já não estava ali, mas estava no céu ao lado de Deus, a dor era dilacerante e me corroía por dentro. O caixão começou a se emergir naquela cova e quando ele já estava inserido nela, eu joguei uma rosa e os homens começaram a jogar terra sobre o caixão. Então meu coração encheu-se de fúria e meu corpo tentou partir para cima daqueles homens para impedi-los, mas uma mão me segurava, impossibilitando minha fuga. Eu fiquei ali parada vendo a cova ficar toda coberta de terra. Quando esse terror acabou, eu cai de joelhos na terra vermelha do chão do cemitério, abaixei a cabeça, sentindo o vento fazer meus longos cabelos voarem, cravei meus dedos naquela terra à procura de um consolo que se perdia no sopro do vento.

Rafaela Molina