quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Joaquim Vilela de Oliveira Marcondes

Sem dúvida um dos personagens mais marcantes da cidade Guaratinguetá, foi o tão mencionado, mas pouco conhecido, Joaquim Vilela de Oliveira Marcondes. Ele foi político, religioso, marido e pai.
Esse guaratinguetaense nasceu no dia 31 de janeiro de 1887 e faleceu aos 64 anos, no dia 10 de dezembro de 1954 às 14 horas na praça Santo Antônio. Sua morte teve como causa um edema agudo do pulmão, seu túmulo se encontra no cemitério dos passos de Guaratinguetá.
Seus pais eram José Vilela de Oliveira Marcondes e Maria Amélia Ortiz Velozo, conhecida como D. Mariquinha. Do lado paterno seus avôs eram o capitão Manoel Marcondes dos Santos e Maria do Carmo Velozo, e seus bisavós eram o Visconde Francisco de Assis e Oliveira Borges e Ana Silveira Umbelina do Espírito Santo, ou seja, Joaquim Vilela era parente da famosa Maria Augusta. Do lado materno seu tio era Antônio Lourenço de Mello, seu avô era Manoel Lourenço e seu bisavô era o Capitão – mor Manoel José de Mello.
“Joaquim Vilela se casou duas vezes, em primeiras núpcias com D. Maria Geralda Rangel Marcondes, uma parenta afastada, com quem teve uma filha chamada Beralda, que faleceu na infância, D. Maria Geralda faleceu aos 44 anos.
Em segundo matrimônio deixou viúva a senhora Maria José Rodrigues Marcondes, com quem teve dois filhos, Maria Regina e José Vilela de Oliveira Marcondes”.(MOURA, ENTREVISTA CEDIDA).
Antes de ser político, Joaquim Vilela teve outras profissões, foi comerciante, sócio de varias firmas comerciais de Guaratinguetá, trabalhou também com lavoura e pecuária, sendo proprietário de importantes fazendas. Mas Joaquim Vilela se destacou mesmo foi na política, foi vereador municipal, foi presidente da câmara municipal em 1930, quando sobreveio o golpe de outubro, pondo fim ao poder legislativo, fez parte da Diretoria do Partido Republicano Paulista e por fim foi prefeito da cidade de 23/03/1938 a 15/03/1954.
“Apesar de ter sido um homem de partido, nunca permitiu que a paixão política lhe inflamasse o espírito de autoridade, tirando-lhe o senso de justiça.
Ele também muito fez à igreja, como prefeito sempre em todas as ocasiões prestigiou a ação da igreja, jamais deixando de colaborar nas suas obras e atividades.
Sua morte repentina deixou um vácuo na história política de Guaratinguetá”.
(ARQUIVO DA ESCOLA JOAQUIM VILELA)
Curiosidades
-“Joaquim Vilela foi o 14º proprietário da fazenda Engenho D’ água de Guaratinguetá.
Em 28 de julho de 1928, ele adquiriu a fazenda pelo valor de 77 contos de réis. Mas a fazenda estava toda dividida, então Joaquim Vilela comprou todas as partes, formando novamente a grande propriedade, com isso ele despendeu a soma considerável de 239 contos de réis.
Ele fez grandes melhoramentos na fazenda, construíram barragens, silos, mangueiros, pontes, erradicou a plantação de chá e mudou a produção econômica, passando do cultivo do café para a pecuária leiteira e também reformou a sede da fazenda”.
Acredito que ele tenha mudado a exploração do café para pecuária leiteira, por causa da crise econômica de 1929, que afetou a exportação do café, causando a superprodução e a desvalorização do produto.
“A fazenda Engenho D’ água foi o centro de decisões políticas, de reuniões e banquetes oferecidos a personalidades que aqui vinham.
Com sua morte a terra foi dividida para a viúva Maria José Rodrigues Marcondes e para seu filho José Vilela de Oliveira Marcondes”.
(COUPÉ, A FAZENDA ENGENHO D’AGUA DE GUARATINGUETÁ)
Sua obra principal foi o matadouro no Bairro do pedregulho e a reforma do Mercado Municipal.
Joaquim Vilela teve também duas casas na cidade. Na primeira ele viveu com a primeira esposa Maria Beralda Rangel Marcondes, onde hoje se localiza a loja Riachuelo. Com sua segunda esposa Maria José Rodrigues Marcondes ele viveu onde hoje é o memorial de Frei Galvão.
           
O que contam sobre ele
     Entrevistas
“O apelido do Joaquim Vilela era ‘Quim’.
Aliás, Quim Vilela, não era Vilela. Sua avó Maria do Carmo de Oliveira, filha mais velha do Visconde, casou-se primeiro com o capitão Manoel Marcondes dos Santos. Ela enviuvou muito cedo, aos 32 anos e o casal teve quatro filhos: Antônio, José, Francisco e Joaquim, todos os meninos assinavam Oliveira Marcondes.
Maria do Carmo casou pela segunda vez, aos 35 anos, com Alexandre da Silva Vilela, natural de Portugal.
Os filhos de Maria do Carmo, não sei por qual motivo, incorporaram ao sobrenome Oliveira Marcondes o sobrenome Vilela, talvez porque Alexandre acabou de criá-los. Afinal os filhos ainda eram crianças.
Sendo assim o sobrenome Vilela é do padrasto do pai do Quim”.
                                                                               (Carlos Eugênio Marcondes de Moura)
“Fisicamente Joaquim Vilela era baixo, moreno claro e tinha a voz rouca. Considerado pelos inimigos políticos, inteligente e perigoso. Joaquim Vilela era um protótipo do coronel da 1º república, ele tinha como mentor conselheiro Rodrigues Alves.
A única ligação dele com a educação, é que tinha em suas mãos o professorado e as escolas. Já que naquela época não havia concurso, ele como político que escolhia onde o professor iria dar aula.
Ele sempre foi muito conhecido e considerado um grande líder político. Amava sua filha e fazia todas suas vontades, mas ela faleceu de hepatite, por erro de tratamento de sua mãe.
Em sua fazenda Engenho D’ água, ele fazia seu aniversario e de sua filha e essas eram festas de dia inteiro. Os convidados eram seus correligionários, que iam pedir “benção” política e claro com presentes para pedir nomeação de seus familiares.
Joaquim Vilela tinha um carro Ford para cidade e um belo cavalo negro para a fazenda e ele nunca se desgrudava de seu chicote.
Contam os camaradas da fazenda Engenho D’ água, que certas noites Joaquim Vilela aparecia montado a cavalo, com um chicote na mão, dando ordens e ameaçando.
Coincidência ou não ele ser parente da Maria Augusta?
Durante o século XX a cidade de Guaratinguetá passou por muitas mudanças, com os novos focos econômicos e o momento comercial; na política com a revolução de 1932 e também com a chegada da industrialização, da Aeronáutica, Campus da UNESP, e de outras escolas, com todo esse contexto Joaquim Vilela começou a perder poder político.
Ele faleceu em 1954, e no ano seguinte foi inaugurada uma escola no bairro da Nova Guará como o nome Joaquim Vilela, em homenagem à sua memória. Se tornando então patrono de uma instituição educacional”.
(Thereza Regina de Camargo Maia)
RAFAELA MOLINA

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